terça-feira, 28 de agosto de 2007

O mestre fala, o tolo pergunta!

Jorge Luis Borges (1899-1986)

Como não admirar o pensamento de Funes, ou melhor, de Borges, que por sinal são os mesmos, quando eles dizem: “O certo é que vivemos adiando todo o adiável; talvez todos saibamos profundamente que somos imortais e que, tarde ou cedo, todo homem realizará todas as coisas e saberá tudo.”

Daí eu pergunto: O que devemos fazer para que as coisas aconteçam? Se é que realmente devemos fazer algo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Quem é vivo as vezes aparece!

Alô crinçada, o Ribas voltou!!!

Salve, salve minha gente... estou de volta para poder compartilhar com vcs das mais simples ideias ainda sem soluções, dos mais nobres pitacos que não carecem de reclamações. E não podemos esquecer também, que ainda temos a disposição, os mais honrosos erros de português!! E isso, peço desculpas a todos: NINGUEM ME TIRÁ!!!

Bom, estou aqui pra contribuir e divertir, informar e aprender, rir e beber, comer e contar para os amigos! Afinal, esse são os famosos 90% da história!

até breve!!!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A pergunta sequer foi formulada

Como estudantes de jornalismo estamos acostumados a responder, ou pelo menos tentar, as cinco perguntas do lead (o quê, quem, quando, onde e como). Quando as respondemos de maneira clara, com argumentos e apresentamos um texto conciso somos elogiados por nossos professores das disciplinas de redação. Um bom lead é meio caminho andado para um bom texto.
Mas, o que me preocupa agora não são as respostas de nossos textos ou as respostas de qualquer texto. O que fazer quando as perguntas não são sequer formuladas? Em seu livro IBM e o Holocausto, o escritor Edwin Black mostra essa mesma preocupação. Visitando uma exposição sobre a Segunda Guerra Mundial com seus pais (sobreviventes do Holocausto), Black se deparou com uma máquina tabuladora da IBM. Na mesma exposição, em outra sala, mais uma máquina IBM. Mais de meio século depois do término da Segunda Guerra e da contabilização dos milhões de mortos, as máquinas da IBM figuravam entre as peças expostas que simbolizavam a Guerra. Em todo esse tempo nenhum historiador, nenhum jornalista, nenhum educador tinha se perguntado o porquê de tantas máquinas expostas. Qual a relação entre a IBM e as mortes da Segunda Guerra? As máquinas contribuíram para aumentar o número de mortos? Durante mais de cinqüenta anos como ressalta o autor: “A pergunta sequer foi formulada”. Mesmo que mal respondidas, ou nem respondidas, o que mais preocupava o autor era que as perguntas nem tinham sido feitas. Em seu livro ele tenta responde-las, até mesmo como o próprio autor ressalta: “Em respeito aos meus pais e milhões de judeus”.
A obra de Black traz informações, sempre baseadas em provas documentais, sobre a ligação de uma das maiores empresas do ramo de informática, a americana IBM, e a Alemanha Nazista. A tecnologia da IBM era indispensável para o cadastramento e localização de todos os judeus da Europa. Só assim, seria possível executar o extermínio dos judeus da forma e no tempo que fora arquitetado por Hitler.
IBM e o Holocausto é só mais um exemplo de perguntas que demoram a serem, ou nunca são, formuladas. Sem questionar a importância das respostas tradicionais que fazem um bom lead e um bom texto, precisamos nos ater às perguntas que não são feitas; às contradições que não são sequer notadas...
Ou então, vamos continuar achando normal que uma marca de cerveja patrocine transmissões de automobilismo; que o MV Bill que passou a carreira toda criticando a Globo e suas novelas participe do Criança Esperança; que os telejornais continuem anunciando deflação; que os Estados Unidos e os países do Conselho de Segurança da Onu gastam bilhões de dólares por ano, em armas.

Um grande abraço!

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Amnésia a insônia




_ Humm... Meu deus, onde estou?
_ Ufa! Que susto Luís. Gente, gente, o homi acordou!
_ Ah... Tudo gira... Quem são vocês? Por que toda essa gente engravatada aqui, doutor? Nem pertencem a minha família! Como estão no meu quarto?
_ Desculpe Senhor, se achar mais conveniente peço que eles o aguardem na ante-sala.
_Ante-sala? Que isso, até parece casa de rico – deixou escapar um riso de canto labial, o baque fora muito forte.
_Doutor, o que aconteceu comigo?
_Bem Luís, você bateu a cabeça violentamente. Uma amnésia momentânea pode estar afetando o senhor, porém já foste medicado devidamente, teu desmemorio é passageiro.
_Ahn! Tá tá, chama minha mulher, por favor.
_ Marisa, ele está te chamando.
Marisa adentra ao espaçoso quarto, vai em direção ao marido e paraliza-se por uma inesperada interjeição de Luís:
_ Ahhhhhhhh! Que isso mulher? Marisa, amor, é você?
_ Sim meu barbudinho, sou eu.
_ Mas o que houve com seu rosto?
_ Ahh bem, foi a plástica que você me deu de presente, lembra?
_E eu tenho dinheiro pra isso? Nós sempre fomos humildes!
_ Isso é passado bobinho. Queres saber das novidades?
Infeliz interrogação. Ao mesmo tempo, um ancião, beirando a falência física; já, porém, o raciocínio lógico (esclerose?), inocula-se esbaforidamente no recinto:
_ Cabum! Cabum! Um avião caiu! Lá em Congonhas; explodiu tudo; todo mundo morreu! E estão colocando a culpa no presidente...
_ Calma Waldir – tentava amenizar, Marisa.
Parecia, o dia, saído daquelas (trage)comédias pastelão: outro, Carlos, com um bonequinho em forma de sol na mão, entra e diz:
_ Gente! Descobriram que desviaram um monte de dinheiro do PAN, que aquele papo de patrocínio privado era furado e foi tudo feito com verba pública! E agora? E estão colocando a culpa no presidente...
_ Ai Carlos, acalme-se você também! - diz a mulher.
Luís, que aos poucos recuperava a, já enfraquecida, memória, estava em estado de choque com tanta notícia ruim em tão pouco tempo. Franziu a testa, cerrou o punho esquerdo e esbravejou:
_ Meus companheiros, e vocês ainda ficam impressionados? Nunca se viu tanto na história deste país o descaso tomar conta do governo. As criancinhas sem escola e com fome, o pai sem trabalho e com fome e a corrupção não pára um segundo. Eles nunca saem do poder. A população precisa ser escutada, eles estão cobertos de razão: Abaixo FHC!
Todos ficaram pasmados. Até Marisa conseguiu alterar o resto de expressão que sobrara em sua botulista face. O Doutor tratou de fechar a porta, indo para fora, claro. Waldir e Carlos, perplexos, sentaram na cama, olharam-se, pousaram a mão sobre as costas de Luís e disseram mansamente para que o baque não piorasse:
_Lula, agora você é o presidente!