sábado, 23 de junho de 2007

"I´M A KING OF THE WORLD!"

Quem não lembra dessa frase gritada por Leonardo di Caprio à bordo do Titanic? Bom, o filme Titanic (20th Century Fox 1998) é fraco. Os protagonistas, Di Caprio e Kate Winslet, vivem um romance que não convence ninguém que tenha um pouco de senso crítico. Enfim, Hollywood. Mas, mesmo assim muita gente passou horas na fila para poder assistir o longa nos cinemas de todo o mundo. Titanic lucrou alguns muitos milhões de dólares e, ainda de quebra, venceu em 11 categorias do Oscar. Infelizmente, esta é a nossa geração. Geração Di Caprio, Walt Disney, MC Donald´s, NBA, USA...

Não quero dizer que nunca "estivemos" com Marx e Engels, Che Guevara, Marthin Luhter King... Mas, a verdade é que crescemos comendo os Big Macs e assistindo as Xuxas e os Di Caprios. Ou seja, fazendo parte do discurso históricos dos meios de comunicação de massa, e de comunicação das marcas.

E, tem um continente que estes meios de comunicação, e seu discurso, esqueceram. E, se não bastasse terem esquecido, querem nos fazer esquecer: a África. O que sabemos sobre este pedaço do mundo? Suas guerras pela independência; suas vários tribos; a divisão de seus territórios por potências imperialistas; sobre a beleza de seu povo ou a beleza de suas praias, como Jefferys Bay por exemplo!? Nada, nós não sabemos nada. Ou, pelo menos, quase nada. Alguns vão dizer que se lembram de notícias sobre a África. Que se lembram até de documentários sobre a África. Bom, a chuva de imagens de crianças magérrimas e suas barrigas saltadas; as imagens de doentes afetados pelo vírus HIV agonizando em macas. Este discurso de miséria, totalmente sem profundidade e descontextualizado, isso não vale. É o que José Arbex Jr, em seu livro Showrnalismo: A notícia como espetáculo (Editora Casa Amarela,2001) classificaria como um discurso manipulador. Uma forma de mostrar um continente sem explicar as verdadeiras causas da miséria, das guerras, dos mortos e doentes.

Eis que os olhos azuis e a pele clara de Di Caprio aparecem na tela novamente. Nove anos mais tarde de seu romance à bordo do Titanic. O galã agora está na África. Mais precisamente em Serra Leoa. O filme é Diamantes de Sangue (Warner Bros,2007). O ator americano interpreta Danny Archer, um mercenário sul-africano que contrabandeia diamantes. Como pano de fundo da aventura em busca de um diamante raro, Serra Leoa e seus conflitos políticos. O filme, Hollywoodiando como Titanic é claro, mostra um pouco do que está por trás de tantas morte e miséria no continente africano. Discussões de potência econômicas sobre o comérico de diamantes e seu lucro. Compradores europeus que movimentam o comércio das pedras, e as mortes à elas ligadas, também são mostrados no filme.

Claro que Diamantes de Sangue também tem clichês. Também tem Di Caprio com seu jeito de galã, como no Titanic. Mas, este filme tem a África. É tão triste constatar que tenhamos que enxergar a África através dos olhos azuis de um ator de Hollywood. Mas, até que enfim ela está ali. Viva a África e todo o seu povo, suas belezas, suas histórias. Espero que não nos esqueçamos deste continente e tudo que ele representa, e já representou, ao mundo. Sua herança cultural, suas influências em nosso país e, em muitos outros países. Hoje, é o Leonardo Di Caprio que nos chama a atenção para este continente. Tomara que, em breve, a África esteja em toda a parte. Não apenas as mesmas matérias de sempre. Claro que estamos falando de um continente pobre. Mas não vamos apenas repetir os mesmos reducionismos de sempre. Não vamos cometer a mesma gafe que o nosso presidente quando, ao visitar alguns países africanos, disse que "eram lugares tão bonitos que nem pareciam estar na África". Vamos procurar saber sobre o efeito do imperialismo sobre este continente, conhecer sobre suas praias, saber mais sobre sua cultura...

Bom, era isso. Espero que nunca mais seja preciso uma ajuda do Di Caprio para refletir sobre a África.

Um grande abraço.

Um comentário:

Antonieta de Barros disse...

PUTA QUE O PARIU, TIAGO!!
Agora me conquistasse!

Imaginei que tu pudesse falar de qualquer coisa, mas nunca pude imaginar que tu fosse falar da África.
Fiquei até emocionado quando li essa frase: "E, se não bastasse terem esquecido, querem nos fazer esquecer: a África."

Caralho, velho! Meus parabéns!
E pensar que semestre passado eu não dava um ovo pra ti... auheuahe

E só pra completar: eu chorei vendo Titanic, tá?!?! Todas as 14 vezes...

Axé!